segunda-feira, 30 de junho de 2008

Barraco da favela

Vejo a rua da janela
Do barraco da favela.
Vejo a morte, vejo a vida,
Vejo a bala perdida.
Vejo a Justiça que tarda
E o traficante de farda.
Vejo a roda de maconha,
E a polícia sem vergonha.

Da janela
Do barraco da favela.
Vejo o brilho dos morteiros
Acordando o morro inteiro.
Vejo passando um bonde,
Um bandido que se esconde,
Ouço vozes de crianças
Sem futuro ou esperança,
Vendendo drogas nas bocas,
Jogadas na vida louca.

Da janela
Do barraco da favela.
Vejo o dedo no gatilho,
O pai estuprando o filho,
Vejo a moça na sarjeta
E a morte na roleta.
Vejo o assalto na esquina,
Vejo cheirar cocaína,
A juventude no vício
Lançada no precipício.

Da janela
Do barraco da favela.
Vejo as balas traçantes
Das armas dos traficantes,
Vejo os corpos de inocentes
Na vala dos indigentes,
Vejo o fuzil, a pistola,
O moleque a cheirar cola,
Vejo os prédios suntuosos
E os carros. luxuosos

Da janela
Do barraco da favela.
Vejo a casa soterrada
Na lama da enxurrada,
Pessoas esperam socorro
Que não vai subir o morro
Por que o chefão não deixa.
E se algum coitado se queixa
Da justiça dos bandidos,
Vai morrer ou é banido.

Da janela
Do barraco da favela
Todo dia é sempre igual,
Vejo o bem e vejo o mal
Na minha Comunidade.
A mentira e a verdade,
A tristeza e a alegria,
O real e a fantasia
Andam juntos de mãos dadas
Nas vielas apertadas
Que eu vejo da janela
Do barraco da favela.

Cancioneiro

Nesse mundo onde fico,
De onde vem a inspiração,
Eu ouço Alceu e Chico,
Nas letras de uma canção,

Passo meus bons momentos,
Criando doces poesias,
De sorrisos e lamentos,
De tristezas e alegrias.

Então surgiu-me a idéia
De cantar nossos artistas,
Separando na bateia
A preciosa ametista.

Elba e Zé dois cantadores,
Paraíba, tu nos deste,
Cantam a luta e as dores
Dos meus irmãos do Nordeste,

Tem um que é genial,
Toca em chaleira e bacia,
Seu nome: Hermeto Pascoal,
Em tudo ele vê melodia.

Veio o Luiz, lá do Norte,
Com sua voz de trovão,
Trazendo seu canto forte
Nas asas de um baião,

E pra aumentar o seu brilho,
Ele veio acompanhado,
Pelo Luiz, o seu filho,
Compositor arretado.

É tão rico o cancioneiro
Por esse Brasil inteiro,
Tem cantor, tem violeiro,
Tem tambor e tem pandeiro.

Da Bahia veio a Gal,
Bethânia e Caetano Veloso,
Gilberto Gil Genial,
Formando o Quarteto famoso.

O Geraldinho Azevedo
Merece também ser citado,
Soltando sua voz sem medo
Como pássaro encantado.

Do Ceará veio um bardo
E em boa companhia,
Ele se chama Ednardo,
E é um mestre na poesia.

O Raimundo, ave tão rara,
Mais parece um colibri,
No último pau de arara
Deixou o seu Cariri,

Fugiu da sede e da fome,
Que é flagelo tão antigo,
Vergonha vil e infame.
Um verdadeiro castigo.

Tem Osvaldo Montenegro
Ao som dos seus bandolins.
Tem Milton, famoso negro
Belchior e Ivan Lins.

E a nossa lenda viva,
Cantando o Brasil com fé,
A mais linda patativa,
Orgulho de Assaré.

Simone, de voz de ouro,
Grande nome brasileiro,
E outro grande tesouro,
O nosso Zeca Baleiro.

Outro Zeca que me encanta,
Eu cito com muito carinho,
Nos empolga quando canta,
O soberbo Pagodinho.

E tantos e tantos outros
Existem de grande valia,
Que não cabem tantos monstros
Nos versos de minha poesia.

É tão rico o cancioneiro
Por esse Brasil inteiro,
Tem cantor, tem violeiro,
Tem tambor e tem pandeiro.

Nada vejo

A minha volta nada vejo de tristeza,
Não vejo a boca a mendigar migalhas,
Não vejo a podridão do vil canalha,
Não vejo d’alma negra a impureza.

Não vejo a maldade que se espalha,
Não vejo as crianças indefesas,
Não vejo do bandido a pobre presa,
Não vejo o pobre a carregar cangalha.

Não vejo a densa nuvem de fumaça
Que sobe da maconha em plena praça.
Não vejo nada, mas tampouco nego.

Pois Deus, em sua bondade infinita
Livrou-me dessa infame vista aflita,
Não vejo esse mundo. Eu nasci cego!

Uma parte apenas

Apenas uma parte
Eu já conheço:
É esse teu apreço
Pela arte...

O resto é mistério
É não sabido.

Existe um ar funéreo
E escondido
Atrás desse teu olho
Que nos fita.

Por isso eu recolho
A alma aflita
E fico mudo

Por que o teu olhar
Mesmo sem falar
Já nos diz tudo.

O abutre

Sei que dirão: lá vem o abutre,
Aquele poeta triste e sombrio
Que tem prazer e que se nutre
De coisas que dão arrepios.

Pois que digam. Pouco me importa,
Falar de tristezas não é o que almejo.
Não me apraz cantar as coisas mortas
Mas eu só pinto aquilo que eu vejo.

E tudo que eu vejo é melancolia,
Olhos marejados de desesperança
São bocas suplicantes e vazias
De infelizes e desnutridas crianças.

O negro da alma humana é fértil terra
E rápido a maldade nele grassa,
É é nesse vil terreno que se encerra
A sombra da infâmia e da desgraça.

O mundo está podre, está bichado,
Ninguém se importa com o seu semelhante,
Cada qual só vê o próprio lado
Num proceder covarde e revoltante.

Sim. Sou um ser humano aziago,
Trago na testa a insígnia do mal.
Sou pesadelo e nas noites vago
Com a certeza de um triste final.

Tu não desejas a minha presença,
Tu me desprezas e me repudias,
E me evitas como uma doença,
Mas não devias, por que sou tua cria.

Cemitério

A luz imprecisa da Lua
Caindo suave do céu,
Vai jogando sobre as ruas
As sombras dos mausoléus.

Cheias de cruzes e santos,
São imensas avenidas,
Lavadas de velas e prantos
Das horas de despedida.

O silêncio absoluto,
Querendo ser solidário,
Também escolheu o luto
Para ser seu vestuário.

Aqui é o último pouso,
O adeus definitivo.
O derradeiro repouso
Do corpo outrora vivo.

Ninguém quer a visão
Horrível e nauseabunda
De tua carne em podridão,
Virando carniça imunda.

Também não há diferenças,
Todos aqui são iguais,
Independente de crenças,
Cor ou classes sociais.

No monumental jazigo
Ou na humilde sepultura,
Deitam-se rico e mendigo
Na infinda noite escura.

O teu corpo velho e gasto,
Pelo qual tanto amor tinhas,
Será dos vermes repasto,
Adubo de ervas daninhas.
Largado num cemitério,
Lúgubre e abandonado,
De ar sombrio e funéreo
Até o Dia de Finados.

Na laje de mármore polida,
Fica a última homenagem,
De quem te amou nessa vida,
E votos de boa viagem.

A Sonetista

(Acróstico)

Sou a verdade e sou a mentira,
Invento os sonhos e os pesadelos,
Levo a doce prece e o vão apelo
Voando à noite no tanger da lira.

Ilumina-me o gentil brilho da Lua,
Ando pela vida, despudorada nua,
Sorvo tua alma como uma vampira,
Carrego comigo tuas fantasias.

Habito o espaço das mentes vazias,
Mostro sem véus o amor e a ira,
Imortalizo cada vil momento,
Destilo um bálsamo em teu sofrimento,
Trago no âmago a verve que inspira.

É o bicho!

Vejo quebradas lança e armadura.
Há projéteis jogados pelo chão.
Morreu com a espada em sua mão
Bem no meio de uma noite escura.

Sem ele sinto uma sensação
De grande desespero e amargura.
Sua presença forte e segura
Guiava-me através da escuridão.

Hoje em cada esquina há um perigo
E mesmo se ele estiver contigo
A morte um dia vem. Ela não tarda

Porque no absurdo dessa vida
Nem mesmo eu encontrei guarida;
Assassinaram meu Anjo da Guarda!

A Fada Luminosa

Narrador
Em um Reino depois do fim do mundo, além do além, há um bosque encantado, cheio de flores, pássaros e calmos córregos de água. Existem também muitas árvores frutíferas naquele lugar. Em uma casinha branca à margem de um lago cristalino mora a Fada Luminosa. Ela tem esse nome porque usa uma vestimenta de tecido alvíssimo e ilumina todos os lugares por onde passa. Ela tem uma filha fruto da união com um o Rei Bom Rício, dono de toda aquela região. A menina chama-se Fadinha Bela e também é um ser iluminado.
O bosque encantado faz fronteira com uma Floresta muito feia, cheia de árvores espinhentas e retorcidas que pertence ao Rei Mau Vado.
Essa Floresta era linda, mas foi amaldiçoada por um terrível bruxo após uma luta feroz com o Rei Mau Vado. Ele foi expulso por ter enganado o monarca envenenando o seu mais lindo cavalo. O bruxo foi perseguido e jurou vingar-se indo para a Floresta com sua namorada que estava aprendendo com ele os segredos da magia. Ele passou a criar feitiços contra o Rei que pôs a cabeça dos dois a prêmio.
Para ficarem a salvo, eles criaram um feitiço terrível, transformando a Floresta em um lugar horrendo, mantendo longe o exército inimigo.
Ele casou-se com a jovem e passou a chamá-la de Bruxa Megera e tiveram uma filha: a Bruxinha Sassá.
Era proibido à Fadinha Bela aproximar-se da Floresta Negra. A mãe sabe dos perigos que a filha ingênua corre caso caia nas mãos daqueles dois perversos.

Fada Luminosa
Fadinha tenha cuidado
Fique longe da floresta,
Ali é solo encantado,
Aquele lugar não presta.

O Bruxo, minha querida,
Sempre ronda à espera.
Fica no mato escondido
Astuto como uma fera.

Fadinha Bela
Mamãe, por que existe
Pessoa assim no mundo?
É uma coisa tão triste,
Dá um desgosto profundo.

A pobre Bruxinha Sassá
Está sempre tão infeliz.
Por que ela mora lá
Naquele lugar? Me diz.


Fada Luminosa
Também tenho pena dela.
Uma menina tão bela.
Com aquelas duas cobras,
Não aprenderá boas obras.

Mas destino não se escolhe,
Infelizmente a gente colhe
Sempre aquilo que merece
Então a coitadinha padece.

Paga pelos genitores
Que são cruéis malfeitores
Mas talvez haja esperança
De salvar-se a criança

Pois quem sabe não ocorre
Um milagre e Deus socorre
A pobre Bruxinha Sassá
Daquele tão triste lugar?

Fadinha Bela saiu então com sua varinha de condão para ir à escola de magia, onde aprendia coisas boas, como curar animaizinhos feridos, ajudar as pessoas necessitadas e criar mágicas para beneficiar os semelhantes.
Além disso, todos precisavam estar sempre atentos para criar contra feitiços para as constantes investidas dos bruxos malvados.
O casal de feiticeiros era extremamente ardiloso e era preciso agir rápido sempre que algo de errado ameaçava acontecer com o Reino do Rei Bom Rício. Todo feitiço leva tempo para se concretizar e esse tempo precisa ser o suficiente para que os magos contra-ataquem. Era uma luta constante, sem tréguas. Bruxa Megera e seu marido de tudo faziam para transformarem o bosque numa continuação da Floresta Negra.

Narrador
Fadinha Bela vai cantarolando pelos ensolarados caminhos do bosque. Ela ainda é muito nova para voar, então vai saltitando até a escola, onde a espera a professora.
No caminho ela vê uma menininha sentada, chorando, em uma pedra. É a Bruxinha Sassá!? Ela se aproxima, pois não tem medo da menininha. Ela sabe que a garotinha tem boa índole e ainda não foi ‘contaminada’ pelos pais.
Ela chega de mansinho e pergunta: -Bruxinha Sassá o que faz aqui sozinha chorando?
A menina se assusta ao ver a Fadinha Bela ao lado. Elas nunca haviam trocado uma palavra, até porque os pais da bruxinha ficariam furiosos se soubessem que elas tiveram um encontro e a filha não tentou nenhuma maldade. Era proibido à bruxinha ir ao bosque sozinha.
Ela se refaz do susto: - Chorando? Quem disse que eu estou chorando? Foi só um cisco que caiu no meu olho. Aliás, você não deveria conversar comigo, pois sou perigosa, sabia?
Fadinha Bela exclamou: Ah! Bem se vê que você é perigosa como uma leoa desdentada!
Fadinha Bela soltou uma sonora gargalhada e as duas começaram a conversar animadamente. A conversa foi a seguinte:

Fadinha Bela
Querida Bruxinha Sassá
Sei que você não é má.
Quero que você diga:
Quer ser minha amiga?

Bruxinha Sassá
Mas fadinha eu não posso
Por causa desses nossos
Destinos tão diversos.
Meus pais são tão perversos.

Eu quero ser do bem,
Não magoar ninguém.
Mas eles não pensam assim
E o que será de mim?

Fadinha Bela
Amiguinha, fica calma.
Não deves fazer coisa ruim.
Não podes manchar a alma
Porque seus pais São assim.

Nós vamos pedir ajuda
À minha mãezinha amada.
Quem sabe ela nos acuda
E saímos dessa cilada.

Fadinha Bela foi para a escola e não falou nada sobre o encontro para a professora. Na volta a Bruxinha Sassá a esperou escondida e elas seguiram juntas até a casa da Fada Luminosa.
Fadinha Bela entrou sozinha e falou:

Fadinha Bela
Mamãe você acredita
Que a Bruxinha Sassá
Mereça tanta desdita
Morando naquele lugar?

Consultei meu coração
E ele falou-me baixinho:
-Pergunta a tua mãe se não
Pode haver outro caminho...

A Fada Luminosa percebeu que alguma coisa estranha estava acontecendo e falou:
-Fala, minha filha, o que te aflige?
A menina contou que havia encontrado a Bruxinha Sassá no caminho para a escola e que havia conversado com ela.
Fada Luminosa diz, zangada:
-Meu amor, você não sabe que eles são perigosos. Não devias fazer isso. A partir de amanhã eu te levarei à escola por que hoje foi a Bruxinha Sassá, amanhã poderá ser um dos pais dela. Aliás, muito me admira ela vir para essas bandas assim, durante o dia. Eles morrem de medo dos soldados do teu pai.
Fadinha Bela, então balbuciou:
-Ela veio comigo.
A mãe da menina quase caiu para trás.
-O que?
Saiu de casa e viu a bruxinha, acuada em um canto. Ela já estava preparada para fazer uma mágica a fim de proteger a filha dos feitiços da bruxinha, mas de pronto se arrependeu.
Aquela pirralha estava tão desprotegida e precisando de ajuda que ela sentiu pena em seu coração materno.
Pegou a menina pela mão e levou-a para dentro.
Então elas começaram a conversar:

Fada Luminosa
Você disse aos feiticeiros
Que sairia da Floresta?
Se não falou só me resta
Enviar um mensageiro.

Você sabe que não podes
Vir para estas terras.
Se o bruxo souber explode
E vai arrumar uma guerra.

E ele virá com tudo
Aquilo que tem direito,
E então não me iludo,
Por que não terá mais jeito.

Será guerra declarada,
Uma batalha aberta,
Vão ser bruxos contra fadas
E a infelicidade é certa

Entretanto ainda há tempo
De resolver esse impasse.
solucionaremos o contratempo
Antes que esse mal grasse.

Narrador
Fada Luminosa manda chamar o marido Rei Bom Rício para que ele ajude na empreitada.
O Rei fica sensibilizado com o ocorrido. Ele apóia a esposa em todas as decisões tomadas por ela e retorna imediatamente de uma viagem de negócios em uma Cidade vizinha só para dar apoio à mulher.
Bom Rício forma um grupo com os melhores soldados para irem capturar os dois feiticeiros enquanto não é tarde demais.
O grupo sai a pé e dirigem-se para a Floresta Negra. É assustador. São árvores com enormes espinhos formando uma muralha viva e eles abrem caminho a machado corajosamente. Eles têm pressa, pois precisam chegar o mais rápido possível porque os bruxos certamente já estão preocupados com a ausência da Bruxinha Sassá.
Felizmente era uma barreira bem menos espessa do que parecia e eles conseguiram, enfim, atravessá-la. Eles esgueiram-se entre os arbustos. Vêem o casal de feiticeiro dentro do casebre feio e mal cuidado. Chegam abaixadinhos à uma janela e ouvem a conversa dos dois:

Bruxa Megera
Vamos, marido, se avia
Que lá se vai meio dia
E a menina está fora
Há mais de quatro horas.

Bruxo
Essa menina me paga,
Vou lhe rogar uma praga,
Transformarei em perereca
Essa bruxinha sapeca.

Ela vai comer mosca
Para deixar de ser tosca.
Mas antes vou da uma surra
Naquela menina burra!

Bom Rício ficou arrepiado ao ouvir os dois falarem daquele jeito irado sobre uma menina indefesa, ainda por cima filha deles.
Eles invadiram o casebre e colocaram os dois a ferros. Eles tentaram reagir, mas não tiveram tempo.
Não imaginavam que alguém tivesse a ousadia de tentar invadir a Floresta Negra, por isso fizeram uma muralha viva pouco espessa para economizar feitiço cujos ingredientes eram difíceis de conseguir.
Ao chegarem à casa da Fada Luminosa eles ficaram espumando de raiva ao ver Bruxinha Sassá na casa brincando com a Fadinha Bela, que a essa altura sabia que nada de pior iria acontecer aos pais.
O bruxo vociferou: -Você está de conluio com eles. Esses dois são maus e irão nos entregar ao Rei Mau Vado. Eles nos enforcarão e você será a culpada!
Bom Rício coloca-os sentados em uma cadeira e empunha um pesado pedaço de ferro. Os bruxos tremeram de medo, pois pensava que iriam ser surrados até a morte.
Ao contrario disso, o rei usou o metal para retirar os grilhões e disse:

Rei Bom Rício
Não quero o mal de vocês,
Pois meu coração é puro.
Vamos libertar os três,
Pelo meu Reino eu juro!

Narrador
O casal de bruxos ficou pasmo, pois não acreditava que alguém pudesse tem bom coração a ponto de perdoá-los. Eles vinham do Reino do Rei Mau Vado e não conheciam a palavra misericórdia já que lá era um Reino onde havia muita maldade, dor e ressentimento.
Eles começaram a chorar, emocionados e pediram perdão àquela família boa a ponto de não executá-los.
Bom Rício, então, os alimentou e mandou preparar um banho porque os três estavam imundos dando-lhes roupas decentes.

Bruxo
Senhor peço-lhe perdão
Pelo meu comportamento.
Trago limpo o coração,
Não tenho ressentimentos.

Bruxa Megera
Eu também me arrependo
Por ter sido uma megera
Por que agora estou vendo
A desgraça que eu era.

Vamos lutar doravante
Juntos na mesma batalha.
Vamos seguir adiante
Cortando o mal que se espalha.

Narrador
Eles assim o fizeram. Passaram a usar a magia juntos para o bem. O objetivo agora era trazer o Rei Mau Vado para o lado bom e para isso iriam lutar para livrar aquele povo aflito de seu jugo transformando-os em felizes cidadãos.
Mas isso já é outra historia...

Fim

Obs: esse texto ainda está sendo revisado e sofrerá algumas modificações devido a erros e incoerências ainda não percebidos. Caso descubra algum, por favor, ajude-me avisando.

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Perguntas intrigantes

O que compõe a madeira?
É uma rede invisível
Arranjada de maneira
Precisa e indescritível.

Um a um, grama a grama
O quebra cabeça colossal
Vai formando toda a trama
Do tecido vegetal.

É um mecanismo complexo,
Caprichoso e intrincado
Mas tem também muito nexo
E ciência encerrados.

Possui toda essa mecânica
Muitos e muitos segredos
Encerrados na dinâmica
Escondidos no enredo.

Por que a mãe natureza
É inesgotável artesã
E borda tanta beleza
Como hábil tecelã.

Num jogo de paciência
Cria formas infinitas
Com inesgotável ciência
Sem erros nem contraditas.

Se o universo contemplo
Eu perco a respiração
Ao perceber os exemplos
De infinita inspiração.

Mas uma questão que intriga.
Talvez eu saiba a verdade.
É uma dúvida antiga
Velha como a humanidade:

É um imenso problema
Que há tantos sec’los aflige.
A solução é um dilema
Pior que o da Esfinge.

Por que as árvores têm vida
E uma pedra é inanimada?
Quem esclarecerá essa dúvida,
Essa intrincada charada?

O que contém o ser vivo
Que o faz tão diferente?
Por que são eles ativos
Diversos dos outros entes?

Eu creio saber o porquê
Ocorrem esses mistérios
E vou falar pra você
Com coesão e critério.

Eu tenho uma teoria
Mas que faz muito sentido.
Parece uma alegoria,
Difícil de ser entendido.

É fruto de muitos estudos
Noites e noites a fio
E eu garanto, isso tudo
Chega a causar calafrios.

A resposta é uma energia,
Que o universo habita
Contem grande sinergia
Difícil de ser descrita.

É uma força vital
Que cria reinos distintos,
Vegetal ou animal
Num diferir bem sucinto.

Como a carga inicial
Numa nova bateria
É com a energia vital
Que a vida se inicia.

Habitando os seres vivos
Desde o seu nascimento
Faz com que fiquem ativos
A partir desse momento.

O metabolismo provê
A total reposição
Da energia do ser
E a sua destruição.

No decorrer da existência
As perdas vão aumentando
Então, como conseqüência
A velhice vai chegando.

As forças vão-se esvaindo,
O ser vai se acabando
Pois a energia saindo
É maior do que a entrando.

Transborda como um dilúvio
E vai compor o universo
Como se fosse um eflúvio
Inexplicável em versos.

Talvez você fique triste
E talvez lhe cause um trauma
Mas na verdade não existe
Espírito, tampouco alma.

O que há é a reciclagem
Dos seres vivos ou não
Uma incessante viagem
De seres que vêm e vão.

E o inferno e o paraíso?
E o dia da redenção?
Não haverá um Juízo?
Tudo é só invenção?

Disse um pensador um dia:
“Há mais entre o céu e a Terra
Do que sonha a filosofia”.
Imensa verdade isso encerra!

Não há um céu ou inferno
Para cristãos e pecadores
E nenhum sofrer eterno
Para purgar nossas dores.

Não me agradam leviandades.
O fato de não haver espírito
É parte de uma verdade
Mas existem os conflitos.

Só tenho a convicção
Que ocorre a reciclagem.
Os mesmos átomos são
Quem movem essa engrenagem.

Eu afirmo, com certeza,
Não cria nada a gestante.
Tudo vem da natureza.
Do que existia antes.

Pela Lei de Lavoisier
Transforma-se toda a matéria.
O que hoje há em você
Pode amanhã ser bactéria.

Porém apenas em parte
A matéria em decomposição
Habita outro corpo, destarte
Não há reencarnação

Já que a vida é somente
Um processo metabólico,
Pura química, simplesmente,
Não divino ou diabólico.

Criar vida é árduo processo
Uma tarefa complicada
Mas teve o homem sucesso
Nessa difícil empreitada.

Vida em laboratório
Criou-se em experiências.
Criticado, porém meritório
Foi o feito da ciência.

Mas têm almas esses seres
Da insana criação
De cientistas com poderes
Para tal abominação?

Não! Só Possuem na estrutura
Átomos e energia vital.
Não há nessas criaturas
Nada sobrenatural.

É possível que você
Venha em data futura
Fazer parte do meu ser
Compor a minha estrutura.

Desse modo a natureza
Cria sob essa visão
Uma forma, com certeza,
De uma reencarnação.

Eu garanto a vocês
A vida é uma só
E só se vive uma vez,
O resto é virar pó.

Meu currículo

Meu currículo
É ridículo.
Não sou Doutor
Não sou Professor
Não tenho instrução
Apenas inspiração.
Não recebi canudo
E aprendi tudo
Na triste e sofrida
Escola da vida.