segunda-feira, 30 de junho de 2008

Cemitério

A luz imprecisa da Lua
Caindo suave do céu,
Vai jogando sobre as ruas
As sombras dos mausoléus.

Cheias de cruzes e santos,
São imensas avenidas,
Lavadas de velas e prantos
Das horas de despedida.

O silêncio absoluto,
Querendo ser solidário,
Também escolheu o luto
Para ser seu vestuário.

Aqui é o último pouso,
O adeus definitivo.
O derradeiro repouso
Do corpo outrora vivo.

Ninguém quer a visão
Horrível e nauseabunda
De tua carne em podridão,
Virando carniça imunda.

Também não há diferenças,
Todos aqui são iguais,
Independente de crenças,
Cor ou classes sociais.

No monumental jazigo
Ou na humilde sepultura,
Deitam-se rico e mendigo
Na infinda noite escura.

O teu corpo velho e gasto,
Pelo qual tanto amor tinhas,
Será dos vermes repasto,
Adubo de ervas daninhas.
Largado num cemitério,
Lúgubre e abandonado,
De ar sombrio e funéreo
Até o Dia de Finados.

Na laje de mármore polida,
Fica a última homenagem,
De quem te amou nessa vida,
E votos de boa viagem.

Nenhum comentário: