segunda-feira, 30 de junho de 2008

Nada vejo

A minha volta nada vejo de tristeza,
Não vejo a boca a mendigar migalhas,
Não vejo a podridão do vil canalha,
Não vejo d’alma negra a impureza.

Não vejo a maldade que se espalha,
Não vejo as crianças indefesas,
Não vejo do bandido a pobre presa,
Não vejo o pobre a carregar cangalha.

Não vejo a densa nuvem de fumaça
Que sobe da maconha em plena praça.
Não vejo nada, mas tampouco nego.

Pois Deus, em sua bondade infinita
Livrou-me dessa infame vista aflita,
Não vejo esse mundo. Eu nasci cego!

4 comentários:

Anônimo disse...

É possível até fingir que não vÊ porém, jamais fingir sentir.
Obs:Lembrou-me momentos do livro "Ensaio sobre a cegueira " de José saramago.
Boas idéias pra ti!Bjs

Thannyth disse...

Este poema, já tive a oportunidade de ler antes, mas em todos os lugares que postares, cá estarei eu pra comentar, pois é de uma profundidade emocionante. A verdade, e o dom de não precisar ver esta drstruição que anda acontecendo a nossa volta. Excelente, seus escritos como sempre, estão cada vez mais incríveis! Bjs

Thiago Cairo disse...

Sensacional poema,muito interessante a clareza com que escreve e como consegue tocar os nossos corações.Meus parabéns !!!
abraços.

FOREAUDS.'. disse...

Ótimo soneto Josafá!
realmente muito profundo e visionário...
Fez com q eu(sempre atormentado pelos textos d trevas) me sentisse emocionado com esse ponto de vista...ou d não-vista...
PArabe'ns!